sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A ajuda da família

Pierre BourdieuImage via Wikipedia


António Campos

A ajuda fornecida pela família reveste-se de formas diferentes nos diferentes meios sociais: a ajuda explícita (conselhos, explicações, etc.), e percebida como tal, cresce à medida que o nível social se eleva, ainda que pareça decrescer à medida que o grau de sucesso escolar aumenta. Acontece que ela constitui apenas a parte visível das "doações" de todo o tipo que as crianças recebem das suas famílias. Se lembrarmos, por exemplo, que o conjunto de laureados que fizeram a sua primeira visita ao museu ainda na infância com a sua família cresce com a origem social - o que constitui apenas um indicador, entre outros, dos estímulos indirectos e difusos dados pela família -, veremos que os jovens das categorias superiores acumulam a ajuda difusa e a ajuda explícita, enquanto que os jovens das classes médias recebem sobretudo uma ajuda directa e os jovens das classes populares, salvo excepção, não podem contar com nenhuma dessas duas formas de ajuda directamente rentáveis escolarmente.

A família tem um papel preponderante no percurso escolar da criança. O seu
posicionamento na estrutura de classes, as suas expectativas quanto ao papel da
escola e da escolarização dos seus filhos, o apoio que quer dar e/ou efectivamente dá a essa mesma escolarização são determinantes: «As atitudes e expectativas das famílias relativamente à escola e ao seu papel no trajecto de vida das suas crianças divergem conforme o posicionamento social dessas mesmas famílias e os seus capitais económico, escolar e cultural.

Pierre Bourdieu, La Noblesse d'État, Minuit, 1989 (adaptado)

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