Mulher islâmica apedrejada por delito de
adultério
Escrever sobre adultério, não é simples
nem fácil. A própria definição do verbo o salienta: Violação da fidelidade
conjugal. Apesar da definição fornecida antes, ser a mais atribuída ao facto
que analiso, também há outras formas que colocam em risco a vida das pessoas,
como falsificação ou a adulteração de um produto. Não é apenas um engano
social, é um risco para a vida, um eterno suspeitar de que o que adquirimos
possa estar fora de prazo, porque o comércio é comércio e para não perder,
apagam-se as datas de validade e, como ninguém se importa em consultar as
datas, essa adulteração coloca em risco a vida e a saúde da pessoa. Como
aconteceu antes de ontem com a minha neta May Malen Isley: foram almoçar ao
University Center da nossa Universidade de Cambridge, que, ultimamente, é um
fiasco comercial. Foi de imediato levada para o hospital, os antibióticos a
salvaram pela prontidão dos pais, a minha filha Camila e o meu genro Félix. No
dia seguinte, já estava bem. Não sou homem de fé, mas dou graças à divindade,
como aos meus filhos, de terem salvo a única descendência que, por enquanto,
têm.
No Islam, a violação à fidelidade conjugal
é punida como é possível ver na imagem que ilustra o texto. Está tudo escrito
no Alcorão que, de forma impiedosa, trata as faltas, especialmente as das
mulheres que podem levar no seu ventre o filho de outrem, com o qual, como diz
o livro sagrado mencionado, parte a família ao entrar sangue que não lhe
pertence, não tem direitos nem pais. Escolhi esta imagem por corresponder à de
um caso, perdido, denunciado pela Amnistia Internacional, a mulher Kabila da
Argélia, faleceu de fome, sede e apedrejamento. Quem por ela passasse, tinha a
obrigação de lançar pedras para manter a ordem social. Tanto o Islam como o
Cristianismo exortam os seus adeptos às acções virtuosas e à vida piedosa.
Condenam a falsidade, a desonestidade, a hipocrisia, a injustiça, a crueldade,
o orgulho, a ingratidão, a traição, a intolerância, a luxúria, a preguiça, o
ciúme, o egoísmo, a apatia, a expressão injuriosa, a ira e a violência. Ambos
prescrevem aos seus seguidores fé e confiança em Deus, arrependimento, verdade,
pureza, coragem, justiça, caridade, benevolência, simpatia,
misericórdia, auto-disciplina e probidade. Pode ler-se no Alcorão
Sagrado, capítulo 6, versículo 151.
Os cristãos parecem ser mais piedosos.
Acodem ao divórcio desde o Século XIX. No entanto, tem uma definição completa
no catecismo romano de Karol Wojtila, 1991:
A.19.1 Adultério e coração do homem
§ 1853
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Pode-se
distinguir os pecados segundo seu objeto, como em todo ato humano, ou segundo
as virtudes a que se opõem, por excesso ou por defeito, ou segundo os mandamentos
que eles contrariam. Pode-se também classificá-los conforme dizem respeito a
Deus, ao próximo ou a si mesmo; pode-se dividi-los em pecados espirituais e
carnais, ou ainda em pecados por pensamento, palavra, ação ou omissão. A raiz
do pecado está no coração do homem, em sua livre vontade, segundo o
ensinamento do Senhor: “Com efeito, é do coração que procedem más
inclinações, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos
testemunhos e difamações. São estas as coisas que tomam o homem impuro” (Mt
15,19-20). No coração reside também a caridade, princípio das obras boas e
puras, que o pecado fere.
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§ 2517
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O coração
é a sede da personalidade moral: “É do coração que procedem más intenções,
assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e
difamações” (Mt 15,19). A luta contra a concupiscência da carne passa pela
purificação do coração e a prática da temperança:Conserva-te na simplicidade,
na inocência, e serás como a criancinhas, que ignoram o mal destruidor da
vida dos homens.
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A.19.2 Adultério e desejo
§ 2336
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Jesus veio
restaurar a criação na pureza de sua origem. No Sermão da Montanha, Ele
interpreta de maneira rigorosa o plano de Deus: “Ouvistes o que foi dito:
‘Não cometerás adultério’. Eu, porém, vos digo: todo aquele que olha para uma
mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração” (Mt
5,27-28). O homem não deve separar o que Deus uniu.A Tradição da Igreja
entendeu o sexto mandamento como englobando o conjunto da sexualidade humana.
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Wojtila ou beato João Paulo II, Papa
Católico antes de Bento XVI (Joseph Ratzinger), o alemão que governa os
católicos actualmente, Karolus Wojtila, dizia eu, não deixa fio sem atar. Só
lendo o texto, poderemos apreciar que o Beato Karolus procura a pureza original
do cristianismo. No entanto, se o adultério não é perdoado,
pelo menos o sacramento, quer dizer, esse acto instituído por Deus para
purificar e santificar as almas, como dizem todas as confissões cristãs, o
sacramento da confissão, dizia eu, perdoa as faltas.
Mas, que grande falta! Insisto no meu
padroeiro de ser a libido e o Iso ou Id, os que comandam o mundo. Hoje em dia a
maior parte da população é adúltera, como tem sido estudado pela patrística e
como deduz Anália Torres Cardoso nos seus livros, o mais importante, na minha
opinião, o de 1996, Celta Editores: Divórcio em Portugal. Ditos e interditos.
Para acabar, comentaria apenas que hoje em
dia não há praticamente adultério: as pessoas vivem juntas, não casam, amam-se,
mas também, pela calada da noite, têm as suas aventuras que não contam a
ninguém para não entrar em vida de bordel. No meu caso, ai deus! Se quem amo me troca
por outro, a vida acaba. Especialmente se o adultério é cometido pela mulher
que amo, metáfora de pedido de fidelidade se nós amamos também.
A libido comanda o corpo e a mente.
Karolus Wojtila sabia-o, mas, com essa sua bondade, falava imenso com o pecador
e escrevia encíclicas. A vida a dois é complexa, especialmente se
é estrita, como os islâmicos e como os que tomam conta da pureza da sua
família. No meu ver, o adultério, do tipo que for, não tem perdão da divindade
nem dos grupos sociais que tomam partido por ele, ou por ela ou defendem esse
terceiro….
Adultério, para quê se ama? Juntos riem?
Juntos brincam? Juntos amam?.
É preciso uma nova patrística… e um amor
com libido activa…
Raul Iturra
Fev.2011
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