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António Campos
(...) Na imagem Jonh Pilger
PN: O filme abre com imagens chocantes do ataque de um helicóptero Apache
U. S. contra civis iraquianos em 2007, que foi ao ar pela primeira vez através
do site Wikileaks. Wikileaks publicou na semana passada mais de 250.000
telegramas classificados de embaixadas dos E.U.A., os quais desde então
dominaram a agenda global de noticias. Quão importante achas o trabalho de
Wikileaks e até que ponto é uma ameaça aos governos que desejam manter secretas
informações sobre operações militares estrangeiras sigilosas em relação aos
seus cidadãos?
JP: Mal me atrevo a usar a palavra “revolução”, mas o aparecimento de Wikileaks
é realmente uma revolução. A tecnologia digital permitiu aos governos ler os
nossos e-mails, mas isto também significa que nós podemos ler os deles. Será
esta uma “ameaça” ao poder estabelecido? Sim, porque, novamente, a informação é
poder. Confira-se esse poder a uma elite anti-democrática e o segredo
perpetua-a no poder. Quando conhecemos a natureza das maquinações e enganos
oficiais, então nós, o público, podemos agir. Como escreveu o historiador Mark
Curtis no meu filme, “O público é uma ameaça que deve ser combatida.”
PN: No filme também contas como Edward Bernays inventou o termo relações públicas e foi um pioneiro do moderno sistema de propaganda. Para alem disso mostras como o governo dos EUA utilizou as técnicas inventadas por Bernays para recrutar cidadãos dos EUA para participar da Primeira Guerra Mundial. Governos como o dos EUA continuam usando essas técnicas ainda hoje, e em caso afirmativo, podes dar alguns exemplos concretos de como isso funciona?
PN: No filme também contas como Edward Bernays inventou o termo relações públicas e foi um pioneiro do moderno sistema de propaganda. Para alem disso mostras como o governo dos EUA utilizou as técnicas inventadas por Bernays para recrutar cidadãos dos EUA para participar da Primeira Guerra Mundial. Governos como o dos EUA continuam usando essas técnicas ainda hoje, e em caso afirmativo, podes dar alguns exemplos concretos de como isso funciona?
JP: Edward Bernays dizia: “A hábil manipulação das massas é um governo
invisível que representa o verdadeiro poder neste país.” As mesmas técnicas
ainda são usadas, tais como a criação do que Bernays chamava de “falsa
realidade” e os rituais de patriotismo que se dedicam a justificar a guerra. O
que é diferente nos dias de hoje é que a propaganda não está funcionando. Olha
para o pânico que mostram as respostas dos governos em relação às revelações do
Wikileaks. As guerras no Iraque e no Afeganistão tiveram uma forte oposição,
não só em todo o mundo, mas também dentro os EUA e Grã-Bretanha. A Internet deu
às pessoas uma ferramenta para saber o que está acontecendo, mesmo sem ligar a
TV e assistir ao noticiário. Eu escrevo uma coluna para o “New Statesman”, que
tem uma tiragem modesta. Mas uma vez na Internet, pode alcançar uma audiência
de vários milhões.
PN: Por último, qual seria a melhor maneira de fazer a cobertura da
guerra pelos meios de comunicação massivos menos subserviente aos interesses do
governo? Tens alguma esperança sobre a capacidade da Internet para fornecer
informações alternativas sobre os grandes acontecimentos, como a guerra?
JP: Os meios de comunicação não vão mudar enquanto não mudar a sua
estrutura. Um jornal de Murdoch, ou um dos seus canais de TV sempre reflectirão
os interesses predatórios de Murdoch. No entanto, jornalistas e organizações de
rádio e TV colectivamente têm poder, bem como o público interessado. Eu
gostaria de ver estabelecido um “quinto poder”, em que jornalistas, os seus
professores em escolas de jornalismo e o público em geral se unam para começar
a mudar a prática jornalística a partir de dentro. Durante a invasão do Iraque,
houve pequenos motins dentro da BBC, mas não estiveram coordenados. O potencial
está aí. Quanto à Internet fornecer informações alternativas sobre a guerra,
isso já está acontecendo. A maioria das melhores histórias sobre o Iraque foram
publicados na web - por aqueles que, como Nir Rosen e Dahr Jamail, e
“jornalistas cidadãos”, como Jo Wilding. E já está acontecendo onde é
provavelmente mais importante: mesmo nos centros de poder, onde, aparentemente,
quase tudo está a ser vazado e publicado na web, e esperemos que isso continue
por muito tempo.
Pablo Navarrete é um editor sobre política, meios de comunicação e cultura na América Latina
Dez. 2010
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