sexta-feira, 6 de abril de 2012

Boa Páscoa em Portugal

Português: Páscoa em Proença-a-Velha, Portugal
Português: Páscoa em Proença-a-Velha, Portugal (Photo credit: Wikipedia)


António Campos



Poucos comentários merece o actual percurso do PS e do seu líder cada vez mais inSeguro, que mais se preocupa com os estatutos internos do partido e persegue os seus deputados impedindo-os de sonhar – viver para dentro sem se preocupar com o destino de Portugal. Não apresenta alternativa credível ao actual governo pois está altamente comprometido com o cumprimento do programa da troika e responsável pela situação do país nos governos anteriores.

Mas a restante esquerda é de um vazio de ideias e de práticas consequentes que não consegue contrabalançar o afundamento planeado pelo governo de Passos ou Gaspar, (o mesmo acontece com a esquerda europeia  em relação à autocracia de Bruxelas). Afinal já não se sabe quem é  o primeiro ministro deste governo sadicamente  orientado. Mas também não vale a pena saber.

As mentiras sucedem-se e culminaram nos últimos dias, com o prolongamento dos cortes dos subsídios aos funcionários públicos para 2014 – um lapso, diz Gaspar, pois como se sabe, inicialmente era 2013. O fim abrupto das pensões antecipadas até 2014, com aplicação imediata, uma decisão que irá afectar seguramente muitos portugueses com a saúde nas ruas da amagura. O  fecho da maternidade Alfredo da Costa antevê a possibilidade, como vem sendo prática, de mais uma negociata após obras recentemente efectuadas.

Podemos enfim dizer, que as mudanças que se têm verificado vão no sentido dos pobres serem cada vez  mais pobres e os ricos cada vez mais ricos.

Lembro, a propósito Camus no seu texto ‘Testemunho da Liberdade’ com tradução de Luísa Neto Jorge e João Gomes para a editora Contexto, 2001: "Os verdadeiros artistas não dão bons vencedores políticos, pois são incapazes de aceitar levianamente, ah, isso sei eu bem, a morte do adversário! Estão do lado da vida, não da morte. São os testemunhos da carne, não da lei. (...) No mundo da condenação à morte, que é o nosso, os artistas testemunham o que no homem é recusa de morrer. Inimigos de ninguém, a não ser dos carrascos! (...) Um dia virá em que todos o hão-de reconhecer e, respeitadores das nossas diferenças, os mais válidos de nós deixarão então de se dilacerar, como hoje o fazem. Hão-de reconhecer que a sua profunda vocação é a de defender até ao fim o direito dos seus adversários a não terem a mesma opinião que eles. Hão-de proclamar, consoante o seu estado, que mais vale uma pessoa enganar-se, sem assassinar ninguém e permitindo que os outros falem, do que ter razão no meio do silêncio e pilhas de cadáveres."

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