quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Só um em cada cinco tem nível médio de literacia

Literacy class in El AltoImage via Wikipedia


António Campos

Relatório aponta graves deficiências nas competências dos portugueses.

Somente um em cada cinco portugueses possui nível médio de literacia. O que causa prejuízos directos no potencial de desenvolvimento do país. As conclusões constam de um estudo apresentado na Gulbenkian.

Segundo o relatório realizado pela Data Angel, a pedido dos coordenadores do Plano Nacional de Leitura (PNL) e apresentado ontem na Gulbenkian, apenas um em cada cinco portugueses possui o nível médio de literacia. Na Suécia, a correspondência é de quatro em cada cinco suecos.

Literacia é a capacidade de ler e compreender o que se lê para resolver problemas concretos. Esta aptidão em Portugal, refere o relatório, é muito baixa. "Portugal apresenta os níveis mais baixos de competências de literacia de entre todos os países observados", referiu o coordenador do projecto, Scott Murray.

"O conhecimento e as competências das pessoas, quando postos aos serviço da produção, são um forte motor do crescimento económico e do desenvolvimento social". Mas, segundo os dados disponíveis para Portugal, a literacia tem no nosso país "um valor económico reduzido no mercado de trabalho".

"Portugal tem de dedicar muito mais atenção à literacia. As análises do impacto da literacia no desempenho económico durante os últimos 50 anos deixam poucas dúvidas de que o país pagou um preço significativo por não ter aumentado a oferta de competências de literacia ao dispor da economia", aponta o documento.

Por outro lado, continua o estudo, "a exigência em conhecimentos e em competências do mercado de trabalho é baixa, numa perspectiva comparada", e o mercado laboral "não parece compensar as competências de literacia na medida esperada". Os alunos portugueses "têm poucos incentivos para investir tempo e esforço no aumento do seu nível de literacia".

Iniciativas como o Plano Nacional de Leitura ou as Novas Oportunidades são encorajadas, mas Murray sustentou que "são insuficientes".

Convidado a comentar o relatório, o economista João salgueiro contrariou a defesa de mais investimento em Educação. "Se há indicador em que não estamos mal é no volume de recursos que dedicamos à Educação e temos dos piores resultados no desempenho". A causa "está no funcionamento do sistema de Educação e no sistema económico".

A ministra da Educação, Isabel Alçada, apelou para que "toda a sociedade se mobilize para que a melhor oferta de qualificações corresponda a um reconhecimento da parte do tecido empresarial".

J.N. - 03.12.09

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