quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Desemprego acima dos 10% atinge 561 mil pessoas

NEW YORK - MARCH 31:  Unemployed people race '...Image by Getty Images via Daylife


António Campos

São já 561 mil os desempregados em Portugal, estima o Eurostat, que aponta para uma taxa de desemprego acima dos dois dígitos. A oposição reagiu ontem aos dados divulgados pelo gabinete estatístico da União Europeia com novas exigências ao Governo. No Parlamento há margem para novos entendimentos que garantam o reforço da protecção social.

O desemprego continua a subir, superou as duas décimas e chegou a 561 mil pessoas em Portugal, estima o Eurostat. Dados não ajustados de sazonalidade - e por isso mais próximos dos que são oficialmente divulgados a nível nacional - apontam para uma taxa de desemprego de 10,3% em Outubro, a quarta maior entre os 16 países da Zona Euro.

Os valores são os mais altos desde, pelo menos, 1983, data de início da série do Eurostat. A estimativa do gabinete de estatísticas europeu para Portugal baseia-se na evolução dos dados enviados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e nos registos administrativos do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Não admira, por isso, que os valores relativos aos últimos meses tenham sido revistos em alta - apontando agora para uma taxa de dois dígitos desde Agosto - depois de o INE ter revelado que no terceiro trimestre deste ano o desemprego atingiu 9,8% da população activa. O número de de-sempregados agora divulgado pelo Eurostat está acima do avançado pelo INE para o terceiro trimestre (547,7 mil indivíduos) e muito acima do que foi divulgado pelo IEFP para o mesmo mês de Outubro (517,7 mil).

Em termos ajustados de sazonalidade - ou seja, corrigindo as habituais subidas no Inverno -, a taxa de desemprego é de 10,2% com 558 mil desempregados, revelou o Eurostat. Continuam a ser os valores mais altos de que há registo, e em tendência ascendente, numa altura em que estabilizam na Zona Euro. As mulheres (10,9%) são mais afectadas do que os homens (9,6%) enquanto nos jovens a taxa ajustada de sazonalidade chega aos 18,9%, com quase 90 mil pessoas com menos de 25 anos à procura de trabalho.

Perante os números, a CGTP volta a exigir novas medidas. "Justifica um conjunto de medidas extraordinárias do Governo, desde logo aquela que é prioritária, a alteração da lei, de forma a possibilitar que todos os trabalhadores desempregados tenham acesso ao subsídio de desemprego", disse à agência Lusa Arménio Carlos. O dirigente da CGTP considera que os números "confirmam o falhanço" das medidas anunciadas pelo Governo para combater o desemprego e pede uma "avaliação" das que já foram implementadas.

Também a oposição pressiona no sentido da aprovação de novas medidas. No Parlamento há já novos acordos à vista (ver texto em baixo).

Os dados não ajustados de sazonalidade apontam para mais 5,2 milhões de desempregados na União Europeia no espaço de um ano, 3,3 milhões dos quais na Zona Euro. A taxa de desemprego é mais elevada na Letónia (20,3%), mas é em Espanha que os números absolutos são mais expressivos. Um em cada quatro novos desempregados europeus estão no país vizinho, onde a taxa de desemprego chegou aos 18,9% (19,3% quando ajustada de sazonalidade).

A tendência de aumento do desemprego é generalizada na Europa. Mas a explosão do desemprego não é uma inevitabilidade em todos os países europeus. Na Áustria e na Holanda, a taxa ainda está abaixo dos 5%.

CATARINA ALMEIDA PEREIRA

D.N. 02.12.09


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