sexta-feira, 8 de abril de 2011

A grande ofensiva do capitalismo financeiro global 3

LONDON, ENGLAND - JANUARY 21:  A protester wea...Image by Getty Images via @daylife



António Campos


Na esfera política, assiste-se à emergência progressiva de elementos neoliberais nos partidos socialistas europeus, sustentados nas teorias de Giddens (o ideólogo da “terceira via”), dos quais Tony Blair será o mais marcante. Entre a fidelidade aos princípios e o acesso fácil ao poder escolhem o segundo. A partir daí, deixa de haver diferenças significativas entre estes e os partidos de centro-direita em questões económicas, pelo que, nas eleições, já não se jogam alternativas, sobrando a alternância. Por sua vez, o poder político (tanto a nível nacional como europeu) é “canibalizado” pelo poder económico e financeiro. A promiscuidade entre ambos é cada vez mais frequente: começa a não espantar a facilidade como ex-governantes acabam em gestores de grandes empresas e vice-versa. Consequentemente, a corrupção alastra.

A democracia vai sendo, progressivamente, esvaziada de conteúdo e os políticos do “centrão”, reféns do capital, não têm resposta para os problemas das populações e vão caindo no descrédito. É um terreno fértil para a demagogia populista, que atiça os piores sentimentos dos desfavorecidos contra os diferentes (como outras etnias e/ou religiões, os homossexuais) ou os ainda mais desfavorecidos (imigrantes e ciganos, por exemplo). A exploração dos medos (em especial, a sobrevalorização das ameaças terroristas) é outra forma de aceitar a supressão de direitos em nome de uma suposta segurança.

Face à gravidade da situação, é urgente darmos uma resposta a esta ofensiva. Porém, como estamos em presença de uma realidade nova, as respostas clássicas não servem. Temos de inventar novas formas de luta. Como princípio, destaco dois aspectos que me parecem fundamentais: a transnacionalização do combate e a saída para fora da classe docente. Um novo movimento cívico, capaz de incluir pessoas nas situações mais diversas (incluindo trabalhadores precários e desempregados), pode ser o início de um novo caminho, embora saibamos que não será fácil de trilhar.

 Entretanto, aproveito para lançar uma ideia: o capital procura aproveitar as contradições no seio dos trabalhadores para criar divisões (por ex., entre trabalhadores do sector público e do sector privado). Não seria de utilizarmos as contradições no seio do capital (por ex., entre capital produtivo e capital financeiro) para o mesmo fim?

Final desta série.

Jorge Martins
Nov.2010

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