sexta-feira, 3 de setembro de 2010

700 mil novos emigrantes

EmigrationImage by Ntaluma-Makonde sculptor via Flickr

António Campos



Durante a pesquisa para um próximo livro, comecei a pensar sobre os impactos da nossa estagnação prolongada no mercado de trabalho. Curiosamente, apesar da baixa criação de emprego, até recentemente, nunca o desemprego subiu para níveis tão altos. Portanto, fiquei a imaginar o que poderia causar tal fenómeno. A resposta é relativamente óbvia: a emigração. Todos nós sabemos que a Europa apresenta um grau reduzido de mobilidade profissional, mas também sabemos que, historicamente, Portugal foi um país de forte emigração. Assim, decidi verificar os números da emigração para ver o que estava acontecendo. Infelizmente, após a criação do Mercado Único Europeu, muitos países europeus, deixaram de recolher dados sobre a imigração de trabalhadores europeus. Da mesma forma, Portugal tinha um "passaporte para os emigrantes ", o que nos permitiu recolher dados sobre os fluxos migratórios, mas também foi abolido no início de 1990.

A solução para obter os dados de emigração foi a utilização de uma combinação de pesquisas do mercado de trabalho, registos de números de seguros nacional, o conjunto de dados da OCDE sobre a imigração, bem como os números da imigração para os países que ainda se verifica. 
Os resultados desta investigação surpreenderam-me verdadeiramente. Entre 1998 e 2008, cerca de 700.000 portugueses decidiram deixar o país em busca de melhores oportunidades em outros lugares. Os números são mais baixos do que nos anos 1960 e início dos anos 1970, mas não por muito. E a tendência continuou a acelerar: em 2007 e 2208 mais de 100.000 portugueses 
decidiram emigrar.


Nós não sabemos quanto deste emigração é temporária ou permanente, mas, obviamente, mesmo que seja temporária, os fluxos migratórios podem facilmente tornar-se permanentes. Nenhuma consolação há, mesmo se nós assumirmos que a emigração é mais temporária (o que duvido).


Uma coisa é certa. A prolongada estagnação económica está a começar a ter um grande impacto nas vidas de dezenas de milhares de trabalhadores, que estão cada vez mais optando por encontrar emprego em outro lugar, ao invés de esperar uma recuperação económica ilusória. Infelizmente, se esta tendência persistir, a economia portuguesa continua estagnada nos anos mais próximos.
ALVARO SANTOS PEREIRA 
9 DE JUNHO, 2010
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