sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Alguns novos movimentos sociais

Police trying to encounter the demonstrators a...Image by Farfahinne via Flickr


António Campos

Na actualidade, têm surgido grandes movimentos que contestam a ordem
tradicional das classes e dos estatutos, das relações entre países ricos e países pobres, da reivindicação da liberdade pessoal, etc. Mas, no campo dos comportamentos sexuais, a transformação tem sido mais lenta e difícil. Ainda hoje, quando se fala de desigualdades sexuais ou de diferença, sempre se pensa que é nas características fisiológicas (ou do inconsciente) que tudo assenta. Isto é, na natureza e não na sociedade.

Deve-se ao movimento feminista - como movimento social e teoria crítica da
sociedade - a introdução da questão da construção social do género. O movimento gay (homossexual) segue-lhe as pegadas, questionando, junto com as feministas, a
superioridade masculina, mas acrescentando a crítica ao suposto fundamento natural da heterossexualidade.

Ao inventarem a designação gay, os homossexuais criaram uma identidade social,
sem deixarem que outrem os catalogasse. Esta autodesignação implicou uma ideia: a da sexualidade com qualidade ou propriedade do Eu. Ao mesmo tempo, tanto as
mulheres como os homens gays adiantaram-se aos heterossexuais no desenvolvimento de relações afectivas e/ou sexuais de um tipo novo, porque tiveram de as construir sem os enquadramentos tradicionais do casamento. A sexualidade é algo que, hoje em dia, cada um de nós tem ou cultiva, e já não é uma condição natural.


Almeida, M. V. (2004) Outros destinos, Porto, Campo das Letras (adaptado)



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