sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Como se continua a 'afectar e calar' os professores...a tragédia da municipalização



Municipalização da Educação: pagar às câmaras para despedir professores

«Está em curso o processo de municipalização da Educação. De acordo com os agentes participantes, governo e  autarcas, o objectivo é melhorar a gestão das escolas graças à proximidade geográfica. Já se sabe que de boas intenções está o governo cheio.
É curioso notar que essa proximidade geográfica era uma realidade, antes de José Sócrates ter acelerado o processo de agrupamento de escolas, processo esse que Passos Coelho aprofundou. Até aí, as escolas eram dirigidas numa lógica de proximidade, já que as respectivas direcções eram escolhidas pelos profissionais que nelas trabalhavam: próximo mais próximo não havia.
O Paulo Guinote tem escrito sobre o tema, no blogue e não só. Em resumo, as câmaras que conseguirem empregar menos professores que os considerados necessários receberão metade daquilo que se considera ser o custo de um professor. Para confirmar, basta ler a já célebre cláusula 42ª do contrato que está a ser negociado com algumas câmaras prestimosas.

A história de Portugal é simples: as raposas que têm tomado conta do galinheiro resolveram fingir que a diminuição do número de galinhas não é da responsabilidade de quem as tem comido. Assim, depois de se ter sustentado à custa dos dinheiros públicos, a coligação PS-PSD-CDS não está disposta a prescindir do seu nosso pecúlio. Compreendo: também me sinto sufocado quando me falta o oxigénio.
Passos Coelho e seus ministros amestrados conseguiram despedir, em três anos, milhares de professores, fingindo que não são necessários, recorrendo a estratagemas como o aumento do número de alunos por turma ou a diminuição da carga curricular de várias disciplinas. Como as contas continuam a não bater certo, ainda é preciso despedir mais, recorrendo, agora, ao outsourcing autárquico.
Durmamos, no entanto, e, enquanto dormimos e porque dormimos, as raposas continuam a construir um futuro negro para a Educação, com professores devidamente amedrontados porque fragilizados na sua condição profissional e, portanto, prontinhos para serem explorados até à exaustão. A quem aproveita tudo isto? Aos alunos não, mas isso não é nada que preocupe a opinião pública ou publicada, porque a principal preocupação dos agentes políticos deve ser domar os professores, o que é um objectivo praticamente alcançado.»

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