sábado, 30 de maio de 2009

Diferenças de comportamentos

culture is not a crimeImage by Dawn Endico via Flickr



António Campos


Em jeito um pouco pedagógico parece-me interessante atentar nas diferenças de comportamentos dos homens e das mulheres em sociedades culturalmente diferentes da nossa, de modo a compreendermos melhor os nossos próprios comportamentos. Estes povos, ainda recentemente mostravam estas características…

O facto de existirem reais diferenças fisiológicas e biológicas entre os homens e as mulheres leva a que frequentemente se suponha que a fisiologia e a biologia são directamente responsáveis por essas diferentes formas de comportamentos.

Argumenta-se, geralmente, que os comportamentos usualmente adoptados pelos homens e pelas mulheres não são de origem social, mas natural. Porém, Margaret Mead mostrou,
utilizando exemplos escolhidos nos seus estudos na Nova Guiné, que muitas diferenças entre os sexos, correntemente atribuídas a factores biológicos, têm de facto origem social.

Entre os Arapesh, o próprio facto biológico de serem as mulheres quem dá à luz as crianças é socialmente minimizado: os homens deitam-se junto das mulheres imediatamente a seguir ao parto e, mediante um processo de auto-sugestão, que parece ter efeito tanto no homem como na mulher, o «homem toma sobre si» grande parte da fadiga da mulher, diminuindo assim o seu sofrimento.

Os Mundugamor, tribo habitando numa zona não muito distante dos Arapesh, possuem uma agressividade fortemente acentuada que se manifesta com igual intensidade nos dois sexos. Daí que, por exemplo, o acto sexual assuma aspectos de um verdadeiro combate entre o homem e a mulher, do qual ambos saem molestados.

Noutra tribo, estudada por Margaret Mead, a dos Tchambuli, alguns dos atributos frequentemente imputados às mulheres nas nossas sociedades pareciam estar a inverter- se. Os homens enfeitavam-se, faziam intrigas, deixava-se escolher pelas mulheres, cabendo a estas fazer propostas sexuais, bem como assegurar todo o comércio de que a sociedade dependia, apesar dos homens produzirem muitos objectos comerciados. As mulheres mostravam-se dominadoras e agressivas, sendo entretanto comum a homossexualidade feminina.

Coulson e Riddel, Approaching Sociology (adaptado)






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quinta-feira, 28 de maio de 2009

A loucura da normalidade

Happy Mother's Day Mom!Image by kevindooley via Flickr




António Campos


Provavelmente muitos professores já passaram por situações de indisciplina ou até de violência com os alunos. Esta é, por isso, uma problemática muito actual, tanto mais que quase diariamente tomamos conhecimento pelos órgãos de comunicação social, de casos de alunos que desrespeitam e até agridem professores. Porquê este tipo de comportamentos? Propus-me investigar algumas causas possíveis e, a meu ver, importantes.

Assim, a abordagem que me proponho fazer assenta num estudo de Arno Gruen, cujo título é também o deste artigo. Segundo o autor vivemos numa sociedade com múltiplas situações de perturbações das crianças, dos jovens e dos adultos. Quando as crianças começam a perder a consciência do seu eu próprio, dá-se um acto de autotraição. Este processo começa quando as crianças deixam de aperceber-se dos sentimentos dos pais e das mães de uma forma instintiva, passando a reger-se pela maneira delas se verem a si próprias.

Este tipo de adaptações às necessidades de poder dos pais leva a uma cisão na estrutura psicológica das crianças, a qual desliga o seu mundo interior das suas interacções com o exterior. Quando uma pessoa perde o contacto com o seu interior, só pode recorrer a um eu falsificado: a imagem que se pauta por determinado tipo de comportamento e por atitudes que agradam aos outros.

A necessidade de preservar tal imagem, sobrepõe-se a tudo o que poderiam ter sido percepções, sentimentos e vivências empíricas genuínas. E como não se trata de um “fado” e cada qual colaborou, mais ou menos conscientemente, na sua própria submissão, uma pessoa desenvolve um ódio vitalício a si própria. O terrível, é que, só a destruição faz uma pessoa sentir-se viva.

Ao mesmo tempo que os que não aguentam a perda dos valores humanos no mundo real são considerados loucos, atesta-se a normalidade àqueles que se separam das suas raízes humanas. E se uma pessoa renegou o seu próprio eu, porque esse teria sido posto em perigo o seu poder, sentimentos vingativos começam a reger a sua vida. Insiste-se em ser-se amado por causar sofrimento aos outros.

Quanto à identificação, mais frequentemente do que nos apercebemos, não conduz a uma identidade própria mas, sim, a que esta seja evitada.

Em relação aos desenvolvimentos para o conformismo e para a rebelião têm muitos pontos comuns e estão fundamentados na atitude perante a “má” mãe. Enquanto o conformista defende a “má” mãe como sendo “boa”, o rebelde procura a “boa” mãe, sendo o seu modo de agir, na realidade, determinado pela influência da “má” mãe.

A linguagem do coração provém das profundas necessidades de amor e calor, que queremos tanto dar como receber. Mas a nossa sociedade tornou-nos medrosos e faz-nos sentir vergonha quando nos sentimos vulneráveis. A linguagem da realidade promete aliviar-nos do “fardo” das nossas necessidades, o que nos predispõe para deixarmos de confiar nas nossas próprias percepções. Por isso, a linguagem do coração é a nossa única salvação. Temos de ultrapassar a divisão, não aderindo à lógica duma pretensa realidade, mas insistindo na conservação da própria capacidade de compaixão, de sentir o sofrimento e a alegria.

O que podemos concluir é que a falta de amor verdadeiro nas nossas interrelações, nomeadamente na família e a falta de coordenação com outros agentes de socialização, conduz a problemas comportamentais que são por vezes irreversíveis, quando os jovens já têm mais idade. A escola torna-se o reflexo de muitas perturbações sociais e afectivas mal resolvidas ou já sem solução. Para além de dificuldades organizativas e pedagógicas reais, as carências afectivas impedem que o sucesso escolar seja maior e mais verdadeiro e que os professores e os alunos se sintam mais felizes.




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sábado, 23 de maio de 2009

Os jovens nos tempos de hoje

Os jovensImage by Tiago Celestino via Flickr

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António Campos


Cada vez mais nos dias que correm, apercebemo-nos da importância da educação que damos aos nossos filhos. Eles que são os jovens de hoje e tornar-se-ão nos adultos de amanhã. São eles que irão determinar os dias num futuro próximo e serão eles os educadores de nossos netos. Isto faz-me pensar seriamente nos valores que se têm perdido ao longo de gerações, muito provocado pela evolução dos tempos que correm rapidamente.

Vemo-los crescer e adquirir um carácter próprio, assim como hábitos por vezes pouco aceitáveis e controversos. Cada vez adquirindo mais liberdade de movimentos, mesadas que os permitem irem além do que se pretende, que os possibilitam frequentar lugares e adquirir produtos não muito recomendáveis, tais como doses elevadas de bebidas alcoólicas e estupefacientes.

E cada vez mais se vêm jovens, cada vez mais jovens, a iniciar uma vida de noitadas, povoando os diversos locais nocturnos abertos até às tantas da madrugada. Dando precocemente inicio a uma vida sexual activa, sem a preocupação e o cuidado cada vez mais indispensável e necessário.

E mesmo que os pais mais atentos imponham certas regras e limites, a revolta faz-se ouvir, porque os colegas e amigos não possuem a obrigação de respeitar essas mesmas regras e limites. A tudo se quer ter acesso, e tudo se quer experimentar vivendo com o tipo de pensamento presente “ Se os outros podem, porque não posso eu também!?”

Muitos sãos os pais que desconhecem os locais frequentados pelos seus filhos, desconhecem as companhias, desconhecem os vícios, e estes últimos infelizmente, são cada vez mais usuais nos jovens de hoje.

Sabemos que em todas as gerações anteriores, também existiu a necessidade de liberdade, de espaço, de provocar controvérsia, de afirmação, de expressão, de revolta. Mas, hoje os instrumentos que se encontram à disposição com aquisição facilitada são muito mais diversificados assim como perigosos.

Muitos jovens perdem-se pelo caminho, que supostamente deveria de ser saudável e seguro. Uns porque sua mente susceptível à fraqueza se deixa tentar por influências externas fragilizadas, outros porque não possuem o apoio e atenção necessários.

Embora muitas vezes isto não aconteça por passividade dos pais, mas por imposição da sociedade em que vivemos, fazendo com que pais e mães tenham de se ausentar de casa cada vez mais horas e dias seguidos, obrigados a prescindir da companhia dos filhos, para que consigam dar-lhes minimamente uma vida condigna, ou pelo menos aquilo que nos dias de hoje adoptamos como vida condigna nesta sociedade tremendamente consumista e material, onde o estritamente necessário já não é suficiente para que a maioria se sinta grata, mas sim, causa frequente de estados alterados de stress.

Cada vez mais se torna necessário reencontrar um equilíbrio, readquirir valores!

Cada vez mais se torna imperativo que os jovens adquiram consciência de que não são as bebidas alcoólicas ou os estupefacientes que lhes dão liberdade, porque essa liberdade não passa de uma simples sensação tão momentânea quanto passageira. Não é real. A única realidade são o desconforto da ressaca, a dor provocada pela ansiedade da necessidade de satisfazer o vicio que se gera e ganha vida própria, exigindo ser alimentado. Será a isto que chamam liberdade? Ou será antes a verdadeira clausura total?

Será a isto que chamam alegria de viver? Ou será isto apenas um embuste que afasta os nossos jovens da verdadeira alegria de viver?

Os jovens devem viver as suas próprias vidas. Devem ter as suas próprias experiências. Só assim crescerão interiormente. Mas, estará a maioria a ser preparada e adequadamente consciencializada para os desafios desta sociedade moderna?

Que os pais possam empreender uma viagem ao mais profundo de seu ser, perscrutando bem no fundo de suas consciências onde ficaram os verdadeiros valores dos laços familiares. E que, deixando-se guiar pelo amor possam ajudar não só os seus próprios filhos, mas também, os colegas e amigos dos seus filhos a vislumbrar um rumo, não impondo, mas aconselhando. Não exigindo, mas amando. Não criticando, mas ajudando.

Hoje em dia a maioria dos jovens já mal consegue viver a juventude em pleno, experimentando a alegria de se ser e sentir jovem.

Que o amor e a paz possam invadir, inundando completamente todos os lares e famílias, permitindo que todos os nossos jovens possam crescer física e mentalmente saudáveis

Que a vontade política dos nossos governantes e responsáveis públicos, seja efectiva no sentido de, compreendendo verdadeiramente os jovens, contribuir para a sua integração nesta sociedade moderna, complexa, tecnológica, informatizada mas também destruidora dos valores essenciais da vida social, que, a pouco e pouco se vão diluindo e desaparecendo, nestas novas relações sociais materializadas e distanciadas.

Que haja lucidez para a aproximação aos jovens, a sua ajuda, o seu apoio, a sua compreensão e perceber que eles também nos vão ensinando, que eles são naturalmente inovadores e que, o nosso passado de jovens não pode ser comparado de forma ligeira, ao que os jovens hoje estão a viver. Há que dar espaço mas vigiando, há que estar atento mas à distância. Não podemos impedir que os nossos filhos vivam, mas temos de ajudá-los a encontrar os seus caminhos. Temos de encontrar o tempo e o espaço necessários para estar com os jovens…







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quinta-feira, 21 de maio de 2009

Uma nova atitude sobre a pobreza

Crowned LilyImage by Creativity+ Timothy K Hamilton via Flickr

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António Campos

A discussão sobre a pobreza, sua quantificação, origens, causas e possíveis tentativas de resolução é complexa, configurando-se num tecido feito de muitas tramas que se interligam com histórias, rostos e realidades diferenciados e em contextos igualmente diferenciados. Se buscarmos agir sobre o tecido como um todo - a pobreza -, não teremos muito êxito. Mas, se aprendermos a olhar com sensibilidade e compromisso e a agir sobre cada trama social e económica, aumentaremos, em muito, as possibilidades de acção, visando a sua resolução.

Pobreza não é, e nunca foi, um fenómeno homogéneo. À medida que os fios da trama da renda, do emprego, da provisão e acesso aos serviços públicos se interpenetram e se cruzam com as barreiras e os bloqueios ao exercício da cidadania de diferentes grupos sociais, a definição e a compreensão em torno da pobreza mudam, bem como os programas, as políticas e os projectos a serem implementados para sua erradicação.

Falar em pobreza é argumentar sobre a incapacidade de uma sociedade de assumir como tarefas cívicas obrigatórias a redução das desigualdades, o aumento das oportunidades e a redistribuição das riquezas. Hoje o problema não está em descobrir o que causa e gera pobreza, mas em identificar os múltiplos factores, sejam culturais, económicos ou sociais, que estão impedindo sua erradicação - e agir sobre eles.

Infelizmente, possíveis soluções e caminhos visando enfrentar o problema da pobreza ou a sua erradicação não constituem ainda uma acção articulada, de co-responsabilidade, entre Estado, sociedade civil e empresas privadas. A razão para esse distanciamento pode ser explicada, de um lado, pela desconfiança natural de culturas organizacionais bastante diferenciadas, em que valores éticos e religiosos nem sempre prevalecem nas escolhas e prioridades programáticas.

De outro lado, essa dificuldade de haver um maior entendimento em termos de co-responsabilidade e de co-participação na gestão do social pode ser herança de uma visão simplificada sobre a pobreza, que vem sendo construída ao longo dos anos e se contrapõe à noção de equidade e justiça social. Buscar uma visão mais compartilhada talvez seja um bom primeiro passo.

Por fim, entender que não há pobreza, mas “pobrezas” pois há-as nos mais diversos domínios e nos sentidos mais diversos. Cada realidade social tem o seu tipo específico de pobreza, as suas características próprias, sejam económicas ou culturais. Mas que é verdade é, há cada vez mais pessoas em situação de pobreza, quer nos países mais pobres quer nos países mais desenvolvidos.

Dever-se-á de modo proactivo, procurar que a riqueza social seja mais equitativamente distribuída e a sua realização ser um motivo de orgulho e de realização pessoal e social e não o inverso como se verifica.









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domingo, 17 de maio de 2009

Ser Sociólogo

António Campos


"Ser sociólogo, o que não é apenas tarefa daqueles que disso fizeram a sua profissão- eu 'diria mais comodamente, ser actor social é lutar ao mesmo tempo contra as aparências com que se disfarça o poder e submeter-se à exigência fundamental do conhecimento sociológico: reconhecer que o sentido da acção nunca é dado pela consciência do actor. O que interdita toda a identificação. A crítica do poder não é conduzida por um contrapoder; o conhecimento não prepara a ordem de amanha.
Quererá isto dizer que o sociólogo observa a caravana sentado”beira da estrada” sem partilhar as esperanças e sofrimentos dos que agem e sofrem? Imagem bem pobre e decepcionante, porque não há beira da estrada e a própria imagem da caravana, longe de ser neutra, reduz a sociedade a uma mera empresa."


Alain Touraine, Pour la Sociologie

O primeiro aspecto tem a ver com o grau de neutralidade da escola que se diz para todos os portugueses ou se é veículo de transmissão ideológica para alguns grupos sociais. Na verdade, apesar dum propósito claramente democratizador do processo ensino-aprendizagem (depois de 25 de Abril de 1974), alargando-o a um número significativo de jovens e adultos carentes, ao optar-se por um modelo de sociedade onde imperam novas elites detentoras de riqueza e de poder, várias medidas, foram sendo adoptadas, ao nível do sistema de ensino, que contribuíram para a manutenção na sociedade, de status bem diferenciados.

Saliente-se, a propósito, programas desajustados e extensos, dificuldades na formação de professores, problemas na gestão democrática, acentuadas assimetrias em condições materiais no litoral e no interior e, ao nível da aula, o interesse e a dificuldade diverge as diferentes culturas e níveis sociais. E o que se constata é que a escola tem oferecido legitimação em vez de qualificação para o desempenho de muitos lugares.

Legitimação essa, conferida em muitos casos, às classes mais favorecidas. Quanto aos professores o que parece ser de admitir é que se foi retirando o prestígio, diminuindo o seu poder, que poderia ter como efeito a elevação do nível cultural e da consciência da população. Como entendemos então a reforma que vai surgir brevemente, reforma essa que condições externas nos impõem? Como serão os professores formados com as normas impostas por uma política deste tipo? De facto, nada de autêntico se alterou ao nível da educação, o que nos leva a concluir que a escola tem sido usada como um instrumento ideológico.

E qual a posição do sistema de ensino perante o problema da mulher? Antes de 1974, e durante várias décadas, a escola veiculou e contribuiu para acentuar a discriminação sexual existente na sociedade portuguesa. A mulher foi explicitamente reduzida a uma posição subalterna, foram-lhe dificultados acessos e vedados lugares. As características da mentalidade de então pareciam indicar a pouca consideração que era tida a mulher, pelo que unicamente seria tolerada como professora.
Nos últimos anos várias têm sido as alterações tendentes a modificar essa desigualdade social, obviamente, não só ao nível do sistema de ensino.

No entanto, neste campo, aumentaram o número de professores de ambos os sexos ( mais significativo por parte dos homens). A isso terão concorrido directamente, o aumento acentuado do número de alunos e de escolas mas, indirectamente, a falta de colocação de muitos licenciados (homens) em empresas, públicas e privadas, que reflectiram claramente sinais de mudança (leia-se instabilidade) e não os podiam receber. Muitos licenciados com e sem formação pedagógica vinham para o ensino (com todas as consequências de degradação e desqualificação advenientes). Actualmente, as condições alteraram-se de tal modo que muitas empresas já estão de novo a abrir as suas portas e muitos professores (diria emprestados) estão a deixar o ensino público (do Estado), ingressando noutras actividades melhor remuneradas no sector privado.

Constata-se assim, que o sistema de ensino não tem acompanhado a evolução que se tem verificado noutros domínios da sociedade portuguesa. E porquê? De facto os homens (professores) parecem ser perigosos para o sistema porque exigem melhores remunerações pois sempre foi esse o seu estatuto. As mulheres (professoras) muitas têm os maridos noutras áreas mais bem pagas e daí o seu provável e contraditório conservadorismo.

Não há dúvida que a mulher continua a ser o "dócil" instrumento conservador que o sistema necessitava e continua a precisar. Um exemplo noutro campo mas a este interligado, ilustra bem esta tendência presente. Na altura era divulgado nos órgãos de comunicação social que o Banco Comercial Português num quadro enorme de empregados, tinha somente seis mulheres e no sector administrativo, facto que era objecto de crítica por várias organizações associativas de mulheres.

Perante estas tendências que mostram também o conservadorismo do sistema, não só em termos pedagógicos mas em termos institucionais, onde a vontade de inovar não é grande mas também porque obstáculos se interpõem à sua implementação. Com que espírito podemos encarar a próxima "reforma" onde as Ciências Sociais foram grandemente penalizadas (leia-se afastadas)? Qual a finalidade e que objectivos se pretendem atingir onde a consciencialização social pretende estar arredada? E o Estatuto dos Professores como poderá ser encarado quando se pressente que a componente avaliação do desempenho poderá ser mais importante que a própria formação dos professores?

Actualmente ainda é mais gravosa a situação no ensino pois, tendo em conta propósitos meramente economicistas, tem vindo a degradar-se o papel dos professores com políticas que os afrontam directamente, tem vindo a deteorar-se as condições de aprendizagem dos alunos, enfim, tem-se procurado atacar a escola pública com vista à sua substituição pela privada. Mas não se fará sem luta por parte dos professores.

Ser sociólogo é entender as mudanças, perceber as suas causas e apontar soluções.

Ser sociólogo e professor é lutar por uma escola melhor e ao serviço de todos.